A floração avermelhada distingue esta espécie, muito semelhante à C. esculentus, no alto, que possui floração amarelada.
Duas plantas espontâneas, normalmente tidas como daninhas em plantações: Cyperus esculentus é comestível e de altíssimo valor nutritivo, antioxidante, e fortalecedora do sistema imune; a outra, C. rotundus, é medicinal de muitos usos tradicionais (como alivio da febre e inflamações, e no combate à infecções e vermes). Além de tudo isso, elas são indicadoras de baixa qualidade do solo (solos desestruturados e ácidos, onde não é fácil plantar).
- Nomes científicos: Cyperus esculentus L.(inflorescências amareladas) e Cyperus rotundus L. (inflorescências avermelhadas)
- Nomes populares: Junça, junca, junco, chufa, tiririca, tiriricão.
- Família: Cyperaceae
- Região de Origem: Egito e Índia (centros de domesticação), respectivamente. - Ervas eretas, perenes, com hastes triangulares. Medem até 60 cm. Folhas estreitas, em forma de ponta. Além das diferenças na coloração das inflorescências, C. esculentus também possui tubérculos globosos ("coquinhos") nas extremidades das raízes, alguns centimetros abaixo do solo. Veja um exemplo na primeira foto, que mostra um pequeno coquinho de uma planta ainda jovem. Estes coquinhos podem ficar bem maiores.
Infelizmente, boa parte da agrônomia moderna se dedica a eliminar estas plantas, famosas e antigas inimigas das plantações. Porém quem começou a inimizade não foram elas, fomos nós. Antigas civilizações (o Egito Antigo e a Índia Ayurvédica) domesticaram estas plantas por causa de suas enormes utilidades, e elas se deram tão bem em áreas cultivadas que hoje resistem em serem expulsas destas, o que deveríamos agradecer, ao invés de simplesmente demonizá-las como "daninhas" e aumentar o uso de agroquímicos.
A primeira, mais conhecida como junça (no Nordeste) ou chufa (na Espanha, onde ainda é cultivada), é mais famosa pela sua qualidade nutricional do que seus usos medicinais (embora também possua diversas propriedades curativas, algumas similares as de sua espécie-irmã, que falaremos adiante). Os tubérculos, escondidos no solo, são grandes e nutritivos, e diz-se que têm gosto de coquinho. São riquíssimos em açúcares, proteínas e gorduras: as análises nutricionais mostraram que a ingestão de 150 a 200 gramas destes tubérculos já é suficiente para atender as necessidades nutricionais de uma pessoa adulta em termos destes nutrientes (ficam faltando apenas vitaminas, água, e sais minerais). Além de tudo isso, ela possui substâncias oxidantes, e seu consumo fortalece o sistema imunológico. É uma planta tão espetacularmente nutritiva que têm se considerado usá-la como alimento de astronautas em órbita.
A segunda espécie, conhecida mais como tiririca (embora este nome seja aplicado às duas espécies), possui maior fama como planta medicinal (quer dizer, quando não está sendo tratada como praga). Como falei na introdução, possui muitos usos tradicionais, principalmente no alivio de febres e inflamações e no combate à infecções (apresenta propriedades anti-microbianas). Possui também propriedade vermífuga, ou seja, é um veneno para os vermes que nos incomodam. É famosa na Índia, local de sua domesticação original, pelo seu emprego na medicina ayurvédica. Têm sido muito estudada científicamente, e diversos de seus usos tradicionais têm se confirmado.
Estas duas plantas, muito parecidas em quase todos os aspectos, nascem espontâneamente e são facilmente encontradas pelos campos. Aparecem em maior quantidade nos campos deteriorados, de modo que indicam a qualidade do solo (no caso, a falta de qualidade do solo, que se tornou desestruturado e ácido, muitas vezes por conta de atividades humanas inadequadas) e ao invés de serem chamadas de "benção", são chamadas de mato, "plantas daninhas", e gasta-se muita energia para tirá-las dos campos e plantar com dificuldade qualquer outra coisa menos nutritiva ou saudável no lugar. Com certeza, temos um problema muito grande de vocabulário aqui: não são elas quem são "daninhas".
Referência: “Plantas Medicinais no Brasil – Nativas e Exóticas”, Harri Lorenzi e F. J. Abreu Matos. 2ª Edição, Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.
Carqueja (Baccharis trimera)
Esta é uma planta da qual realmente dá gosto de falar, pois possui inúmeras qualidades terapêuticas. A carqueja é uma planta nativa da América do Sul, encontrada desde o norte, na Amazônia, até nos pampas argentinos. No Rio Grande do Sul ela chega a ocupar todas as regiões de banhados, ou sejam, as regiões baixas como as várzeas. A incidência é tão grande que causa uma série de problemas, como deixar um gosto amargo no leite, se o gado consumir a carqueja por falta de pasto, ou ainda deixar o mel amargo quando as abelhas, por falta de flores de outras plantas, recorrem às da carqueja. Já no restante do Brasil a incidência não é tão intensa, sendo encontrada mais em regiões baixas, beiradas de córregos ou qualquer região mais úmida. A carqueja é uma planta herbácea que possui suas folhas aderidas ao caule e não possui bainha foliar. A planta macho atinge cerca de 1 m de altura, mas a planta fêmea pode atingir até 2 m, possuindo um caule bem mais lignificado, ou seja, mais grosso e mais firme. Suas folhas são pequenas e de coloração branca levemente puxada ao creme. De sabor extremamente amargo não tem como ser confundida. Existem outras variedades de carqueja, inclusive de folhas menores e bem menos amargas, denominadas de "carquejinha doce", mas de eficácia terapêutica bem inferior à da carqueja amarga. O cultivo produz uma carqueja de extrema qualidade, proporcionando um resultado excelente. Já a coletada no campo não produz uma erva de qualidade, devido basicamente à falta de higiene e conhecimento dos coletores. É muito comum os agricultores do Rio Grande do Sul roçarem os pastos, principalmente os banhados, e deixarem secar ao sol. Isto irá proporcionar uma erva de péssima qualidade, de cor amarronzada, praticamente sem valor terapêutico. Esta é a droga que os atacadistas de São Paulo recebem para distribuir para os laboratórios e farmácias. As qualidades terapêuticas da carqueja são inúmeras, sendo muito empregada pela população de toda a América do Sul. Planta praticamente atóxica nas dosagens usuais, pode provocar alguns distúrbios em quantidades exageradas. Possui uma leve ação diurética, sendo utilizada em regimes de emagrecimento. Algumas pessoas utilizam para o controle da taxa da glicose em casos de diabetes, mas ainda não existe nenhum trabalho científico comprovando esta aplicação, mas temos muito resultados para problemas de fígado. A carqueja é uma planta com uma ação hepatoprotetora muito boa e indicada nos casos de má digestão e problemas do fígado em geral. Quando comemos ou bebemos um pouco além de nosso limite, sobrecarregamos o nosso fígado e aí passamos a sentir dor de cabeça, irritabilidade, insônia, boca amarga e às vezes dor pelo corpo todo. Nestes casos, nada melhor do que um Extrato Fluido de Carqueja pelo menos umas três ou quatro vezes ao dia, ou então um chá bem morno após cada refeição. Faça este tratamento pelo menos por uns três meses e depois suspenda. Uma outra situação muito boa para empregar a carqueja é nos casos de pedra na vesicular biliar. Esta planta possui uma capacidade de aumentar a produção e a liberação de bile, inclusive fluidificando-a. Não recomendamos nos casos de mães que estejam amamentando, pois o leite materno pode se tornar levemente amargo. Ademar Menezes Juniorhttp://www.oficinadeervas.com.br Caruru Fonte: Wikipedia Planta comestível e medicinal (aumenta a lactação, emoliente, diurética, e combate infecções de pele). Também indica solos férteis (com muita matéria orgânica e relativamente sombreados).Diversas espécies do gênero Amaranthus são chamadas de 'caruru' (ou 'bredo', ou 'amaranto') e possuem propriedades semelhantes. Alguns exemplos são: Amarantuhs viridis L.: caruru de mancha, caruru pequeno, caruru de porco. (foto) Amaranthus hibridus L.: bredo vermelho, caruru bravo, caruru roxo, chorão, crista de galo.
Amaranthus spinosus L.: bredo, bredo de chifre, bredo de espinho, caruru bravo, caruru de espinho, caruru.
Família: Amaranthaceae
Centros de origem: Algumas espécies são da Europa, outras da América Tropical (trazidas pelos povos europeus, aparentemente se hibridizaram, naturalizaram, e formaram novas espécies).
Plantas eretas, podem chegar a cerca de 1 metro de altura ou mais. Possuem flores muito pequenas, esverdeadas, dispostas nas hastes terminais. Caule é uma haste grossa e um tanto carnosa. Algumas possuem espinhos junto às axilas dos caules e folhas. Outras exibem colorações variadas no caule.
As folhas, flores e sementes, podem ser consumidas em saladas, ao natural, mas também podem ir junto das hastes (caule) em refogados muito deliciosos ou outras receitas. As folhas de diferentes espécies de caruru tem gostos diferentes, algumas mais ou menos amargas que outras. A escritora do blog "Come-se", Neide Rigo, traz mais alguns comentários sobre estas plantinhas, e ainda divide algumas receitas. O blog dela é muito bom, recomendo imensamente. (Come-se: quiche-de-caruru, Come-se: caviar-de-amaranto.)
Outra questão: aparentemente nas idas e vindas destas plantas pelos continentes (não foram poucas), eles acabaram sendo referência de um prato típico baiano, embora ele hoje não seja mais preparado com caruru (Wiki: Caruru prato). Sendo plantas que foram tão utilizadas, porque sumiram da mesa brasileira? Isto é ainda mais intrigante quando se sabe que são plantas altamente nutritivas, ricas em ferro, potássio, cálcio, e vitaminas A, B1, B2 e C. Além, também aumentam a lactação. Alguns de seus efeitos medicinais (abaixo) podem ser sentidos, positivamente, na ingestão comum do caruru como alimento. Repito: por que não comemos mais caruru?
Não é uma resposta, mas algo "negativo" sobre o caruru é que algumas espécies possuem manchas escuras no centro das folhas. Estas manchas são simplesmente marcas genéticas, não oferecem nenhum mal. São uma estratégia da espécie para evitar predação por herbívoros, que associam este tipo de marca a plantas doentes e não adequadas para alimentação (o que é uma suposição inteligente).
Os carurus também são plantas medicinais de uso bastante amplo. As raízes são usadas externamente contra infecções de pele. Raízes e folhas são eficazes no combate à gonorréia, e também são bons como emolientes (cremes para hidratar a pele). Folhas são diuréticas (como o álcool: aumentam o volume de urina) e laxantes. Além disso, como já comentei, qualquer uso de qualquer parte da planta aumenta a lactação. Não é difícil encontrar receitas para estes usos pela internet, mas se alguém preferir maior garantia e tiver algum interesse em particular, eu posso colocar online receitas dos livros de referências.
Última questão destas plantas. Como outras plantas daninhas, os carurus dão algumas informações sobre o solo em que estão nascendo espontaneamente (indicadoras de qualidade do solo). E aprendemos a identificar o que dizem: que tal solo é fertil, com grande quantidade de matéria orgânica e potássio; e é moderadamente bem sombreado, o que a maior parte das plantas prefere. Características boas para maior parte dos plantios.
“Plantas daninhas do Brasil – terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas”, Harri Lorenzi. 4ª Edição, Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.
“Plantas Medicinais no Brasil – Nativas e Exóticas”, Harri Lorenzi e F. J. Abreu Matos. 2ª Edição, Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.
Caruru é a designação comum a certas plantas do gênero Amaranthus, da família das amarantáceas, algumas de folhas comestíveis, bastante utilizada em culinária. A maioria delas é invasora de plantações. O caruru é também conhecido como bredo na região da Bahia e utilizado na culinária local, reservando-se o termo “caruru” ao prato preparado com esta planta.
O caruru é uma planta nativa das Américas, foi a primeira vez conhecido pelos europeus através dos Maias no México. Na cultura brasileira estudiosos acreditam que foi culturalmente introduzido pelos africanos: admite-se que a cozinha africana tenha influenciado a culinária brasileira. Foram comparadas a culinária do Daomé nagô e da Nigéria ioruba com a cozinha baiana. Foram recíprocas as influências. Cita-se o caso do caruru de origem indígena, preparado com bredo, outra planta do gênero Amaranthus e que, levado para a África incorporou o quiabo, planta africana, tendo, então, o caruru retornado modificado, para o Brasil.
Todas as partes do caruru são comestíveis. É um alimento rico em ferro, potássio, cálcio e vitaminas A, B1, B2 e C. Tendo funções medicinais como lactígeno, combate também infecções, problemas hepáticos, hidropsia e catarro da bexiga. As sementes podem ser ingeridas torradas ou em pães e outras receitas.
www.informacaonutricional.blog.b
Capuchinha - Trapaeolum majus
Um delicioso complemento para saladas, seja com suas flores ou suas folhas. E uma planta medicinal de renome, e de grande praticidade (útil como anti-séptica, diurética, e no tratamento de afecções pulmonares ou das vias urinárias). Também usada para proteger outras plantas de herbívoros em hortas. - Nome científico: Trapaeolum majus L. - Nomes populares: Capuchinha, capuchinho, mastruço-do-peru, flor-de-sangue, agrião-do-méxico, chagas, chaguinha, nastúrcio, flor-de-chagas, capucine, cinco-chagas, agrião-da-índia. - Família: Tropaeolaceae - Região de origem: Américas (montanhas do México e Peru) - Erva aromática, de ramos carnosos. Chega a 2 metros de comprimento. Folhas de forma semelhante à "discos" (minha interpretação). As flores são solitárias, surgindo em tons amarelados, avermelhados, alaranjados ou mesmo brancas. A capuchinha é uma das mais deliciosas plantas que já provei, com toda certeza. O gosto lembra o de um agrião ou de uma rúcula forte. Tanto as folhas quanto as flores são comestíveis in natura, ótimas para saladas. O aroma também é muito agradável. Por isso e pela exuberância multicor de suas flores, as capuchinhas são muito utilizadas em paisagismo (coisa que eu não seria capaz de fazer, visto que comeria todas as flores à vista...). Ela é tão atrativa que mesmo a fauna nativa não deixa de saboreá-la sempre que pode. Em alguns hortos (como o horto de onde tirei esta foto), as capuchinhas são plantadas na entrada, com o objetivo de evitar que calangos ou outros animais comam as demais plantas, já que eles conseguem se satisfazer facilmente comendo destas folhas. Funciona, e mesmo com esta predação a planta vai bem, e nossas saladas não ficam comprometidas. Um exemplo de planta que sabe lidar muito bem com a herbivoria. Os herbívoros agradecem. Medicinalmente, é utilizada como anti-séptica, ou seja, no tratamento de feridas, evitando infecções. Também é famosa no tratamento de afecções pulmonares, para as quais existe uma infusão simples a base de leite e capuchinhas: mistura-se 2 colheres (sopa) de folhas frescas e amassadas em pilão com 1 xícara (chá) de leite quente. A infusão é tomada ingerindo-se 1 xícara (chá), após ser coada, 2 vezes por dia. Já o chá feito com água, com uma colher (sopa) de folhas picadas (tanto frescas quanto secas, neste caso), serve como diurético e no tratamento de infecções nas vias urinárias. Mas as propriedades desta planta não param por aqui, sendo referenciada inclusive em uma receita para o fortalecimento do couro cabeludo, estimulando crescimento e prevenindo queda de cabelos. Também é empregada no tratamento de escorbuto. Os exemplos não parariam. Quem se interessar por mais informações, basta pedir. Só não deixem de provar esta iguaria se tiverem a oportunidade. Referência:http://vida-nos-bosques.blogspot.com.br “Plantas Medicinais no Brasil – Nativas e Exóticas”, Harri Lorenzi e F. J. Abreu Matos. 2ª Edição, Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.
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